Laudo comprova mais uma injustiça contra a Enfermagem

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Idosa de 80 anos não morreu por erro de estagiária, ao contrário do que a imprensa noticiou de forma sensacionalista

A fórmula já é conhecida por todos. Pega-se um caso de morte, elege-se o responsável – um trabalhador, é claro – e começa-se o linchamento moral. Um prato cheio para qualquer veículo de comunicação vender muitos jornais ou alcançar altos índices de audiência. Prato cheio também para setores do Estado “mostrarem serviço” à sociedade encontrando logo culpados.

Esquece-se, no entanto, tanto a Imprensa quanto o Estado (gestores, polícia etc), de que qualquer acusação precisa de provas e que só existe punição após o julgamento comprovar o crime. Infelizmente, essa conjunção de interesses entre Imprensa e Estado vem prejudicando a Enfermagem e os profissionais que dedicam boa parte de suas vidas ao cuidado com a saúde de toda a população.

O FATO

Na última semana, tivemos a comprovação de mais um destes frequentes casos. Em matéria publicada no dia 4/6, o próprio jornal O Globo, um dos veículos de imprensa que costumam adotar a lógica da cobertura sensacionalista que descrevemos acima e que já havia prestado seus “serviços” contra a Enfermagem neste e em outros casos, resolveu noticiar, mesmo sem admitir seu próprio erro de ter informado sem apurar adequadamente, que a morte de Palmerina Pires Ribeiro, de 80 anos, no Posto de Assistência Médica (PAM) de São João de Meriti, em outubro do ano passado, não teria sido causada pela suposta aplicação de café com leite na veia por uma estagiária de Enfermagem. O laudo cadavérico divulgado na semana passada aponta que a morte foi causada por infecção pulmonar e urinária.

AS CONSEQUENCIAS

Na época da morte, o delegado responsável pelo caso chegou a afirmar para o jornal O Globo que não tinha “dúvidas de que as duas técnicas de enfermagem que trabalhavam no setor negligenciaram a situação. Elas também serão indiciadas por homicídio culposo”. Por sua vez, a então secretária municipal de Saúde de São João de Meriti anunciou, ao mesmo jornal O Globo, a suspensão de todos os estagiários, a exoneração de duas enfermeiras supervisoras e duas técnicas de enfermagem e o afastamento da coordenadora de enfermagem do PAM de São João de Meriti.

E agora, como ficam a estagiária e os profissionais suspensos, exonerados e perseguidos nos últimos 8 meses? Mesmo ainda sem conclusão definitiva, a divulgação do laudo preliminar deste caso nos deixa com uma dúvida: os excessos cometidos pela Imprensa e por gestores e investigadores (estes a serviço do Estado) são erros normais, aos quais todos os trabalhadores estão submetidos (inclusive os profissionais da Enfermagem) ou integram uma campanha de difamação da Enfermagem e dos profissionais da área?